quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Aparentar X Ser (A propaganda funciona)

Ninguém gosta de quem não gosta de si mesmo. As pessoas pensam: “Se ele que é ele, que se conhece desde que nasceu, que convive com a pessoa dele todos os dias e o dia inteiro, que conhece o seu passado de memória, se ele não gosta dele, por que eu, que não disponho dessas informações, vou gostar?”

Mas também acontece o contrário: alguém que gosta muitíssimo de si mesmo influencia as outras pessoas a seu favor. Observe um respirante qualquer que seja muito confiante, que seja seguro de si. Um desses que estão sempre se elogiando. Os outros olham para ele e pensam: deve haver algum motivo para toda essa presunção. Não é possível alguém se amar tanto, se não tiver nada de especial. É mais ou menos como aquela velha história de enxergar seus próprios defeitos antes de criticar os de outra pessoa, só que neste caso, você enxerga suas qualidades e as exalta, mesmo que aos olhos dos que não compreendem esta filosofia, você não passe de mais um arrogante. Narcisista. Egocêntrico. Otimismo e autovalorização, eis duas ótimas atitudes para se ter.

Existe uma vertiginosa diferença entre o APARENTAR e o SER. Veja bem, muitas vezes somos taxados e lembrados por características que parecemos ter, mas que não temos, bem como surpreendemos certas pessoas - positiva ou negativamente - devido a sermos bem diferentes daquilo que aparentamos. Uma espécie de propaganda enganosa, na esmagadora maioria das vezes, involuntária, mas que de qualquer forma representa um de nossos outdoors.

É natural que cada vez mais as pessoas queiram o “instantâneo” e o “momentâneo”, pois já não dispõem mais de tanto tempo e/ou interesse para gastar conhecendo alguém de forma menos rasa. Portanto não ache que o egocentrismo e o narcisismo sejam apenas excessos de vaidade. Não são. Tanto um quanto o outro, e até mesmo a arrogância e a prepotência, são soluções viáveis para a crescente “futilização” de uma população que, cada vez mais, só enxerga o aparente, esquecendo-se da essência. A menos que você seja um “socio-quista” (pessoa psicologicamente perturbada que sente prazer em se auto-desgrenhar) que gosta de se denegrir e sente-se bem sendo a escória, você com certeza gosta, ou ao menos prefere, que todos saibam quem você realmente é, no que você é bom, quais são seus predicados. Ou não?

Todos nós, sem exceções, pensamos não só sobre o que, mas também porque os outros pensam a nosso respeito. “Será que me vêem assim? Será que me vêem assado? Será que alguém lembra de mim quando se depara com uma burrice?!? Será que ela(e) sabe como sou realmente??? Será que meu chefe me acha competente???” Todos pensamos nisso, de diferentes formas, mas pensamos... Você não? Então você não pensa nisso? Hum... Ah! Já sei! Está tentando transparecer a imagem de um produto alternativo, querendo atingir um público bem específico, deixando de lado as grandes massas e modismos, não é? Tudo bem, você no fundo sabe que está se iludindo e fazendo uma propaganda fraudulenta ao afirmar para todos, inclusive a si mesmo, que não concorda...

Mostrar o que há de bom em você, explicitar de forma sincera a pessoa que você é, sem fantasiar ou tentar enganar, isso não é egocentrismo ou “umbiguismo” (egoísmo), é autoconhecimento. É o princípio da propaganda. Tudo precisa de equilíbrio e, logicamente, exagerar e “forçar” atributos não é bem uma publicidade positiva. Assim como permitir que somente a embalagem divulgue e delimite o “produto” diante seu público, não se estimar, ou melhor - não se valorizar – também é uma negligência inerente àqueles que não conhecem nem o próprio umbigo.

O que credencia alguém que não conhece nem a si mesmo, criticar e julgar aqueles que se conhecem tão bem, mas tão bem, a ponto de permitirem que outros também lhes conheçam de verdade?!?

Conheça-se, estime-se, valorize-se, ame-se. Divulgue-se. A propaganda funciona...


(Primeiro parágrafo e algumas linhas retiradas de “A propaganda funciona” de David Coimbra, texto que serviu de forma excepcional como base para as hipóteses deste escriba...)